O encontro na Cúpula de Líderes do G20, nesta segunda-feira, não era a primeira vez que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Argentina, Javier Milei, ficavam cara a cara em um evento. Mas conforme Lula cumprimentava os chefes de Estado que chegavam no Museu de Arte Moderna (MAM), na Zona Sul do Rio, crescia a expectativa para o que se tornaria a primeira foto entre os dois desde que o argentino assumiu a Casa Rosada, em dezembro passado. Quando o momento chegou, o contraste ficou evidente. Enquanto todos os demais líderes foram recebidos com um sorriso, a recepção de Milei transpareceu a frieza e o distanciamento que dominaram a relação entre os países no último ano.O cumprimento de Milei durou apenas 15 segundos. A cena impressionou até mesmo jornalistas da Argentina, que acompanhavam pelo telão da sala de imprensa.
A frieza de Milei com Lula era esperada, num contexto no qual o presidente argentino se opôs às principais propostas da presidência brasileira do G20. A Argentina, que inicialmente não estava na lista de participantes da Aliança contra a Fome e a Pobreza, decidiu aderir a iniciativa que deve ser a principal marca da presidência do Brasil no G20 e cujo lançamento foi o primeiro compromisso do dia.
Milei e Lula, cujos países fazem fronteira, também têm uma relação tensa desde antes de o governante argentino assumir o poder em dezembro. Milei é crítico do multilateralismo e lidera em seu país uma forte política de corte de gastos públicos em meio ao combate à inflação.
Acompanhado por sua irmã, a secretária-geral da Presidência argentina, Karina Milei, o presidente argentino chegou ao MAM, como de costume, carregando uma pasta e sem esbanjar simpatia. Milei chegou ao Rio no fim da tarde de domingo, se hospedou no hotel Othon Palace, em Copacabana, e não saiu sequer para jantar. Como costuma fazer, ficou em seu quarto e manteve contato apenas com seus colaboradores mais próximos, sobretudo sua irmã e braço-direito.
Por outro lado, o cumprimento com o presidente francês, Emmanuel Macron, foi caloroso. Lula também recebeu outros líderes, como o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi; o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan; a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni; e o presidente chinês, Xi Jinping. Também saudou de maneira amistosa o presidente da União Africana, Mohamed Ould Cheikh aI-Ghazouani, cujo bloco participa pela primeira vez do G20; e o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, que irá suceder o Brasil na presidência do grupo em 2025.
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